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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Meu Primeiro Triathlon

O primeiro Triathlon você nunca vai esquecer

Na verdade tudo começa muitos dias antes, com treinos e perguntas como: Será que devo jogar futebol hoje? Mas, e se eu me machucar? Vamos pular esta parte e ir direto para o dia anterior à prova.

Os pensamentos que estão em sua mente voltam-se diretamente para os minutos de esforço que virão no dia seguinte, mas o engraçado é que você tenta imaginar algo que nunca vivenciou. Preocupações fisiológicas básicas como o que devo comer, o que devo beber, descanso é o que está passando-se na cabeça.

O primeiro momento de dúvida e medo é na retirada do kit. Ali você sente-se o amador em pessoa, no meio de uma multidão de experientes. Foi a mesma sensação que tive na minha primeira saída em um barco de mergulho em neste momento fiz uma analogia. Quando comecei a mergulhar não tinha nenhum equipamento super sofisticado e nem sabia o que existia embaixo da água. Tive que mergulhar para aprender e sentir. Relembrei que já havia dito isto a mim mesmo. Somente tempo e treinos vão melhorar sua técnica, mas para isto é preciso participar.

Descansa, toma-se água, descansa, mais água, vai ao banheiro de madrugada, descansa, seis horas o despertador toca. Tudo já estava pronto dentro da mochila. Acorda sua mulher, afinal é a torcida que você tem. Vai para o local da largada.

Chegamos à concentração dos atletas. Aqui, iniciamos o processo sistemático de adaptação social para conhecer uma nova cultura, dialeto, costumes e ambições. Alguns estão ali para competir e a grande maioria para participar, mesmo pensando que terão alguma chance. Não me preocupo com isto até porque não pagarei minhas contas de celular com o dinheiro de prêmios. Meu desejo maior é ter um tempo, coisa que 99% dos atletas ali já deveriam ter e talvez nem lembrassem mais do primeiro.


Na área de transição começa a observar, como forma de ganhar experiência, mas como em todos os esportes que pratiquei percebi que existe algo que se chama estilo. Primeiro você coloca a touca ou o óculos de natação? Eu vi os dois. Você prefere correr com meia ou sem meia ? Eu vi os dois. Não adianta, com o tempo vou ter o meu próprio estilo, então faça o básico. O que você quer não é ter estilo, por enquanto, basta ter um tempo.

Comecei a me concentrar, acho importante focar-se na linha de chegada. Fiz alongamento básico e só para ver como estava meu corpo entrei na água e fui nadando até a metade do caminho para a primeira bóia. Aqueci um pouco. Voltei e foi só esperar até o momento da largada.

Todo mundo dentro do curral, nome apropriado para o estouro da manada. Soa a sirene e todos saem disparados, nível de adrenalina sobe a ponto da temperatura da água não ser percebida pelo corpo. Começo a nadar e não se preocupando em seguir alguém busco o meu ritmo, encontro rapidamente. Fico para trás. A água é muito turva, não se tem muita referência dos pontos a serem atingidos, mas encontro as bóias. No último retorno, a favor da correnteza forço o ritmo. Chego á praia, mas o raciocínio está lento ou pelo efeito da pouca oxigenação no cérebro,ou da hiper ventilação, não sei, mas a sensação é de lentidão nos movimentos e tontura.


A transição para o ciclismo deveria ser bem mais rápida se tivesse com roupa apropriada, mas se eu computar o tempo gasto com estas trocas e destrocas devo ter perdido no geral uns 3 minutos. Para o meu tempo isto acaba sendo irrelevante, para o ganhador seria imprescindível.

O ciclismo foi a parte mais desgastante, não pelo trajeto, mas pela minha pouca experiência. Faltou ritmo. Você chega cansado da natação e leva uns 5 minutos para recuperar-se. Tentei colocar uma média de 30km/h e manter isto, mas 30Km/h para um short triathlon é pouco, fui lento.

Quando estava chegando do ciclismo, muita gente já havia chego. Mas não me importei com isto, pois só queria um tempo. Na transição deixei a bike e fui para a corrida. Foi a primeira vez que corri sem sentir as pernas, haviam se tornado mais órgão involuntário de meu corpo. Isto durou uns 500 metros, depois consegui impor um ritmo mais forte. Estava sem monitor, mas meu batimento devia estar em torno de 175 e forcei dentro dos meus limites.

Quando cruzei a linha de chegada, percebi que poderia ter ido mais rápido. Mas como já disse, respeito meus limites. Todos já estavam lá me esperando. A festa com a família e amigos é a parte gratificante. Agora tenho um tempo : 1h e 36min. Fui muito lento para os ganha
dores e muito rápido para quem nunca tentou. Os 96 minutos foram muito pouco comparados aos minutos que antecedem a largada, mas foram os minutos resultantes de treino e dedicação. Nuno Cobra estaria orgulhoso. No próximo ano eu tenho um grande adversário: meu próprio tempo.

Gostei do esporte e espero que seja tão gratificante quanto o mergulho e a fotografia, já que vontade é o que não falta. Deixo este texto como experiência pessoal. Não sei se fiz o correto, mas esta foi a minha impressão e cada um terá a sua.

Texto escrito por Anderson Lima. (NOV/2005)

Um comentário:

  1. Nossa Anderson muito legal este seu relato... me fez lembrar o meu primeiro short, o qual fiquei com um medão de não completar a prova, de me machucar, etc.etc..mas deu tudo muito certo, já nas primeiras braçadas tudo se acomoda....
    É isso aí...1, 2, 3 quantas mesmos Ironman !!!??
    Bjs
    Ana Carnasciali

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